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2. Eça de Queirós – A Gastronomia e a Literatura – ( I )

No “Primo Basílio”.
….Uma criada vem dizer: «Está a sopa na mesa».Havia abundância de travessas de doce; havia creme crestado a ferro de engomar; um prato de ovos queimados; aletria com as iniciais do Conselheiro desenhadas a canela. A sopa era muito quente, com longos canudos brancos e moles de macarrão. Depois o cozido( «o cozidinho»); o arroz; o paio escarlate; …; a travessa de perna de vitela assada;… pão; vinhos; os doces;… e as conversas sobre gulodices, receitas e proezas de lambarice…..

Segundo José Quitério no seu livro ” Histórias e Curiosidades Gastronómicas”,      « como em nenhum outro escritor português- nem mesmo Camilo ou Aquilino – são constantes, copiosas, quase avassaladoras as alusões, referências, descrições e sequências de índole gastronómica na obra de Eça de Queirós.

E só para mencionar alguns do titulos: O Crime do Padre Amaro; O Primo Basílio; A capital; Os Maias; A Cidade e as Serras.

O reflexo do imenso prazer da mesa que o acompanhou até ao fim da vida, as cenas e os promenores de prazer alimentarvêm ao correrda sua pena com bastante frequência.
Na sua obra podem ser encontradas mais de 600 citações a respeto do jantar, mais de 200 sobre o almoço, bem como quase outras tantas sobre a ceia.

E como bom português que se preze, não poderia deixar os vinhos portugueses sem qualquer referência.
Dentre estes, o mais referido de todos, é o Vinho do Porto, com mais de 60 referências.
Como podem ver, a gastronomia também pode servir de veiculo condutor para o explanar de ideias literárias e poeticas.

Numa próxima oprtunidade, voltarei a divagar sobre este tema.

Até lá, bem hajam.

5 comentários

  1. Sou uma aluna do ensino secundário e estou a fazer um trabalho sobre Eça de Queirós, mais especificamente sobre a sua obra “Os Maias”. Gostaria de saber se tem alguma informação quando ao porquê de Eça de Queirós dar este “estranho” relevo à gastronomia, descrevendo os pratos em interrupções da acção.
    Caso me posso ajudar, o meu e-mail é insoares@hotmail.com.
    Grata pelo tempo dispensado,

    Inês Soares


  2. sou novata em informatica mas cota em gastronomia sei alguma coisa sobre a gastronomia de EÇA DE Queiros já fizeste o trabalho todo? se precisares posso dar uma ajudinha. NUXA


  3. Vim parabenizá-lo pelo excelente trabalho. Delícia vir aqui olhar e sentir o prazer da gastronomia, aliado à literatura, apreciadora compulsiva, que sou, de ambos. Abraços. Sônia


  4. Acabei de me formar em gastronomia e acho que a ligação com a literatura é uma busca interessante no ramo da alimentação. São inúmeras as ligações e com Eça de Queiroz então, é uma maravlha ver quem se interesse.


  5. Só agora vi este interessante blogue, pelo que também só agora envio o seguinte comentário:
    A gastronomia, na obra queirosiana,assume um relevo tão importante que o trabalho paciente do Embaixador brasileiro Dário Castro Alves levantou mais de 4 000 citações, num diccionário, em dois volumes “Era Tormes e Amanhecia”. “Tormes” porque, em “A Cidade e as Serras” aparecem cerca de 400″!
    E o Prof. Frank de Sousa, encarregado da edição crítica desta obra e com uma tese sobre a mesma, defende que as referências gastronómicas não correspondem a uma simples nota de descrição mais realista, mas constituem um elemento estrutural para uma leitura de um texto que ele considera ter uma “tese” subjacente. As referências ao “prazer da comida”, particularmente na segunda parte da obra, aparecem associadas a um sentido de “ressurreição” de Jacinto, o protagonista da obra.
    No mesmo sentido, aproveito para referenciar o belíssimo livro “Comer e Beber com Eça de Queirós”, um trabalho conjunto de Beatriz Berrini e de Maria de Lurdes Modesto, com apetitosas ementas queirosianas e ilustrações de grande qualidade.



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